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Par perfeito


Quando eu era pequeno
Acreditava que ninguém sofria de amor
Que cada pessoa tinha seu par perfeito
E que quando o conhecesse
Eles estariam felizes
E que caso estivessem distantes
Era coisa de momento
Logo logo estariam perto um do outro de novo.
Mas fui percebendo que eles
Nunca voltavam um pra perto do outro de novo
E fui vendo que tinha algo de errado ali
Sem contar que a medida da falta era
Diferente
Enquanto um sentia muito a falta,
O outro não!
Quando já não havia outra pessoa
No lugar daquela que um dia foi
Seu par perfeito e que ainda sentia sua falta.
Essas percepções foram crescendo comigo
Fazendo-se cada vez mais presente
Hoje me lembro como era bom acreditar
Em par perfeito!
Como eu queria ser de novo aquela criança
Que tinha a certeza da volta,
Aquela criança que nem se imaginava
Sendo a parte do par
Que sente a falta
E que nem de longe sofria por ter acreditado em
Par perfeito.

Fernando Martilis

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Orações!

Em minhas orações
Sempre encontro um momento
Para pedir, agradecer
Por umas das coisas que considero
Indispensável na vida
O amor!
Rezo pelo amor verdadeiro
Pelo amor que se revela na frente de todos
Para celebrar um data importante
Com uma linda declaração.
Rezo pelo amor que batiza a pessoa amada de neném
Ora, o que é um nénem senão alguém que requer todo
o nosso cuidado e carinho?
Rezo pelo amor que sobrevive às adversidades
Amor que se sustenta mesmo na distância.
Rezo pelo amor que existe e que "não era pra existir"
Aquele amor que não tem compreensão nem justificativa.
Rezo pelo amor que se faz tímido
Platônico, sem expectativas.
Rezo pelo amor desinteressado
Que ama sem fazer questão de "sequer" ser amado.
Rezo pelo amor bandido, que te rouba, te usa
Te faz um aprendiz do que realmente é o amor.
Rezo pelas pessoas que possam estar lendo essas palavras agora
E pensando: Quanta baboseira!
Por que são essas pessosas que mais precisam de amor em suas vidas.
Rezo para que o amor se faça presente em tudo, em todos
O amor é o sentimento que melhor cabe na essência do ser humano.
Fomos feitos para amar
Só precisamos perceber e viver isso!
Sonhador?
Talvez sim!
Que tal rezar comigo?
A oração que tu sabe, do jeito que tu sabe
E pelo amor que tu conhece, que tu vive.

Fernando Martilis

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Dia 18

É tão confuso lembrar
Do que foi
Que não deveria ter sido
E do que ainda nem foi e nem será.
Tem dias como esse
Que me vem cada lembrança estranha
Vivida-abandonada
Como flashes ou dejà vu
Não sei se me compreendem
Mas,
Perceber que essas coisas
Não fazem mais sentido
Se tornou "bom"!
Isso porque há algum pouco tempo atrás
Fazendo uma força aqui pra lembrar,
Nesse mesmo dia
Essas mesmas lembranças faziam tão mal
E mais algum tempo ainda mais atrás
Elas estavam sendo vividas
De forma tão feliz
Assim como os planos estavam sendo feitos
E hoje, vividos, não são nem na memória,
Por que como disse antes
Não fazem mais sentido!
Como sonhos rasos que
Lembramos num dia e no outro evapora.
E tudo isso com o título de uma data
A mesma data vivida várias vezes
Com significados diferentes.
Mais confuso ainda é perceber o sentimento contido
Em cada uma dessas fases
Ou o sentimento que não existe mais
E será se já existiu?
Chegando ao fim de tudo me fazendo
Perguntar... De que data estamos falando mesmo?
Sempre fui péssimo em guardar datas!

Fernando Martilis

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Maluco Beleza

Tem um mundo inteiro querendo ser igual
Parecer normal
Vestir as mesmas roupas, gostar das mesmas coisas
cantar do mesmo jeito.
A minha normalidade é ser louco
Diante de tudo o que dizem ser normal
E que veramente é mais louco do que eu jamais imaginei ser
Quero é dançar desajeitado
E que todos olhem!
Quero cantar desafinado
Quero gritar no meio da rua quando der vontade de debafar
E quero me ver diferente,
De tudo o que é imposto
Mesmo que para isso eu tenha que ser normal
No mundo dos loucos.
Uma vez ou outra sendo racional
Descobrimos que o bom da vida é ser maluco
Maluco o suficiente pra amar!
Maluco o suficiente pra dizer sim!
Maluco o sufiente pra ser do bem!
Maluco pra ser normal.

Fernando Martilis

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Amor Pleno!

Aprendi que nunca se descontrói um amor verdadeiro
O Amor verdadeiro nunca deixa de existir porque ele é pleno
Assim, ele apenas se trasforma
Se transforma em frustração,
Desilusão, decepção,
Em profunda amizade,
Em fraterna cumplicidade,
Mas sempre deixando ali no fundo da lembrança
O que de melhor e de pior te proporcionou.
Carregando sempre um pouco de você para aquelas lembranças
De vez em quando,
Fazendo questão de te mostrar
Que um dia você amou,
E amou plenamente!

Fernando Martilis

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A arte do encontro.

No meu caminhar cotidiano
Vez ou outra
Encontro contigo
Encontros como aqueles, das placas tectônicas
Que causam alguns sérios estragos:
Tremem as minhas mãos,
Balançam as minhas pernas
E alteram a coerência das minhas lembranças.
Encontros para os quais
Nunca estamos preparados,
Encontros que nos fazem preferir os desencontros da vida.
Desencontros que superaram as barreiras do incoveniente

E se tornaram o cotidiano banal e inofensivo.
Daí Vinicius de Moraes foi tão genial
Em dizer que:
"A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida".
Parece ser mais fácil lidar com os desencontros
Do que vivenciar a "arte do encontro"

Que pode apresentar desenrolar tão contraditório 
Quanto qualquer enredo literário.
Pode ser uma divina comédia,
Um maravilhoso romance ou
Uma triste tragédia 

Ou, ainda, todas as opções anteriores. 

Fernando Martilis

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Como vai você?

Te busco em tudo.
Busco nas ruas,
Nos milhares de rostos
Que passam por mim durante todo o dia.
Te busco
Nos nossos amigos,
Nas histórias de amor que assisto nos filmes.
Busco
O que tens feito,
Se realmente tua vida
Está melhor sem mim.
Por que eu não estou bem,
Principalmente quando estou sozinho,
A solidão conhece os atalhos das minhas fraquezas.
Em determinados momentos
Grita dentro de mim
A vontade de ter perto
E essa vontade, momentaneamente, me faz feliz,
Me faz olhar pra frente
E perceber que há muito para se viver
Contigo ou, por hora,
Com o pouco que ainda busco de ti.


Fernando Martilis

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O que se passa aqui.

Sinto saudades,
Tantas saudades
De quando tu me esperavas chegar.
Saudades de quando
Esperava minha ligação,
Saudades de quando ainda esperava algo de mim,
Quando ainda algo de mim
Fazia parte de ti.
Como tenho saudades,
Até mesmo,
Das coisas que nunca pensei sentir:
Da monotonia, por exemplo,
Que por vezes se apropriava do nosso dia a dia.

Hoje eu sei o que realmente é monotonia
E ela é bem pior sem você.
Como tenho saudades das tuas facetas,
Das tuas falas,
Algumas que muitas vezes até já sabia quais seriam
Mas, ficava ansioso do mesmo jeito
Em ouvi-las, em vê-las.
Não tão ruim seria se a saudade não fosse
Um sentimento teimoso
Que sequer substitui-la é possível.
Parece ter grudado em mim e
Agora, por enquanto, faz parte da minha essência ao amanhecer.
Para aliviar?
Sendo mais teimoso que ela e voltando a ti
De vez em quando
Para viver em lembranças
Todas essas coisas
Que essa saudade pede em intensa abstinência para viver denovo
Mas, que eu sei não passar da teimosa dessa saudade,
Longe da realidade
Que é tão quanto confusa
Como essas palavras aqui escritas.
Confusas porque são sentimentos
E eles, cumprindo sua dificuldade natural,

Resistem a ser expressados de forma coerente em algum papel
Como aquela saudade que parece indefinivel

E que eu espero em alguma linha sequer
Aqui
Ter conseguido expressá-la.


Fernando Martilis