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Ricardo e as redundâncias.

Tem uma música da banda Roupa Nova... "Coração Pirata", que sempre foi bem expressiva para mim:
"O meu coração pirata toma tudo pela frente

Mas a alma adivinha
O preço que cobram da gente
E fica sozinha...
Levo a vida como eu quero
Estou sempre com a razão
Eu jamais me desespero
Sou dono do meu coração".
Era bem assim que eu me sentia, que eu queria ver a vida ... Tendo um "Coração Pirata". Minha rotina de conquistador me permitia ter, o que eu julgava ser, o bom de um namoro: a pegação! Sem a pior parte: as cobranças, as dúvidas, os medos, a desconfiança e principalmente a fidelidade!
Eu realmente tinha aprendido a ser um conquistador, e tinha realmente vocação para a coisa sabe?! É nato, precisava apenas de um empurrãozinho. Desculpem a falta de modéstia, mas é que as conquistas moldam a auto-confiança do conquistador!
Nesse tempo, tinha descoberto algo importantíssimo sobre mim: Eu detestava fidelidade! Até conseguiria ser fiel, se gostasse bastante. Mas poder ficar com quem eu quisesse era tão encantador que me afastava cada vez mais da possibilidade de permanecer muito tempo com alguém! Colecionei aqui inúmeras histórias de três meses, não passavam disso! Perdia a graça estar com alguém, um tempo superior a esse. E esse número três (3) passou a ser emblemático na minha vida, a partir daqui.
Acontece que, como diz na música, a alma cobra mesmo um preço... E esse preço tem nome (que particularmente me assombra)... SOLIDÃO!
Nos momentos em que mais precisamos, a tal da ficante não tá lá. Aquele abraço, não tem de onde se esperar! E aí vem a vontade de não ser mais o único dono desse meu coração, de dividí-lo com alguém! Hoje costumo dizer que minha vida é feita de fases diferentes, e que exite um EU para cada uma dessas fases. Sendo que, tem uma dessas fases que se repete sempre, e é justamente essa fase de querer um alguém do lado... Volta e meia me vem essa necessidade estúpida e indispensável de estar apaixonado.
Justamente quando eu estava gostando da coisa de ser o conquistador... Olha quem me aparece de volta... a tal vizinha! Aqui começava de fato um dos meus karmas... Histórias de idas e voltas! Inúmeras foram elas...!
Sinceramente... Uma pessoa com um pingo de amor próprio acreditaria nas saudades e sentimentos de uma pessoa, que tenha passado pela sua vida, da forma em que ela passou pela minha? (leia o último texto!)
Essa coisa do amor próprio, eu realmente, nessa época, precisava trabalhar mais em mim!
O discurso dela coube direitinho no que eu necessitava, ela estava disposta a receber exatamente o que eu estava proposto a dar naquele momento, e vice e versa.
É bom, vai... Eleva o ego alguém voltar assim... Reconhecer que errou!
Lembro-me dela... Bonita, atraente... No nosso primeiro reencontro depois de muitas conversas ao telefone.
- Não sabe como tenho pensado em ti!
- Tem é?! (minha metralhadora de ironias e sarcasmo estava carregadíssima)
- Sinto muita saudade de ti, tava lembrando outro dia das músicas que tocaram na primeira vez que nos beijamos.
- Sinceramente, não lembro! (boa essa!)
- Não faz assim, vai! Você lembra sim! Do mesmo jeito que, eu lembro sempre das coisas que você me escreveu naquelas cartas e que, agora eu quero pra mim!
- Não acha que é tarde demais não?!
- Não! Alguma coisa me diz que você ainda gosta de mim! E eu tô aqui pra te dizer que fui uma idiota te ignorando, e que, só agora percebi que também gosto de você. Se você ainda sentir alguma coisa por mim... Eu queria muito... Fii-ficar contigo!
Como eu disse... As vezes, as coisas só precisam ser o que você precisa ter.
Dessa forma, cômoda, começava meu segundo namoro!
Fernando Martilis

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Borboleta

Vai borboleta, voa!
Voa pra longe de mim,
Voa para os ventos que conseguiram te fazer feliz, voa!
Voa borboleta, voa rápido,
Para quem conseguiu despertar o teu querer bem.
Voa borboleta,
Para longe dos meus espinhos,
Para longe dos meus carinhos,
Do meu amar,
Do meu jeito leviano de amar.
Voa borboleta, seja inteligente,
Seja interesseira!
No seu lugar eu também estaria interessado
No melhor para mim.
Voa borboleta, voa!
Como todas as outras.
Não é pecado querer receber mais do que dar.
Voa borboleta... voa pela vida,
Pela tua vida,
Assim mesmo, saindo da minha, voa!
Voa borboleta vai,
Faz o teu vôo lindo e duradouro,
Voa nesse oasis que encontrastes.
Porque o meu jardim, borboleta,
É isso aqui mesmo,
É só isso aqui,
Sou só eu!
Voa vai borboleta... vai... voa!
Voa!

Fernando Martilis

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O que era, não é mais.

Paro pra pensar às vezes e
Percebo que
Nada na vida parece mais igual.
Tudo está diferente!
Os sorrisos não são mais os mesmos
Os olhares não atraem mais a atenção
Que outrora atraiam.
As palavras não são mais divertidas
E, a alegria não é mais tão alegre.
Bem que Lulu cantava:
"Tudo muda o tempo todo mundo".
Tudo muda dentro da gente,
Dentro do outro,
Um lugar também muda.
Mesmo o tudo que parecia estar
Tatuado na memória
Não é mais igual.
As coisas mudam e nós nem reparamos!
Somente quando essas mudanças nos atigem...
E como é estranha a sensação de
Sorrisos, olhares, palavras, lugares
Terem mudado
E você, mesmo no centro de tudo isso...
Não ter participado de nada disso!
Ficando a cargo seu, apenas
Buscar novos significados
Para o que agora é o "novo",
Porque ser igual ao que era antes
Não é meu tipo preferido de mudança.

Fernando Martilis

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Aprendizado

Sinto-me perdido!
Perdido entre os meus medos
E os meus desejos e sonhos,
Em cima de uma muralha contínua
De dúvidas.
Ora penso não ser mais capaz de
Reconstruções.
Ora vejo, não somente a necessidade,
Mas a vontade
De ser protagonista.
Fazer acontecer mesmo!
Ter as rédeas da minha própria vida
Nas minhas mãos.
Logo eu que sempre gostei de ter o controle das coisas,
De uma hora para a outra não controlo mais nada!
Não é que tenha desaprendido a ser eu sabe?!
Tenho certeza que não!
Mas aprendi a fingir
Não ter aprendido nada,
E o pior,
Muitas vezes sob o discurso
De estar vivendo o aprendizado.
Acontece que,
Aprendizado não limita,
E sim, liberta!
Não traz dúvidas, mas sim, respostas!
Não puxa para trás,
Ao contrário, empurra pra frente.
Agora, alguém me explica isso
Por favor!

Fernando Martilis

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Piegas

Respiro fundo,
Fugindo
Por um segundo
Dos maus sentimentos
Em que afundo
Quando penso em ti.


Me escapo,
Para um longe inimaginável,
Pois só longe de ti
Não é suficiente
Quando é dentro de mim
Que você está constantemente.


Pensamentos normais vão e vem,
Pensar em ti não!
Está além
Das vontades e necessidades
De um pobre coitado,
Subordinado,
A pensamentos passados.


Passado presente,
Carente
Me vejo,
De bons pensamentos,
De bons sentimentos.


Livres da tua presença,
Cheios de liberdade
Contendo neles a sentença
Da minha felicidade.


Fernando Martilis

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Falta

Faltou algo, não faltou?
Faltou uma palavra, ou algumas palavras.
Faltou escutar aquela música, lembra?!
Ou faltou não ter escutado música alguma.
Já sei...
Faltou você ter esperado um poquinho,
Para que eu pudesse aprender a tocar violão
E nele dedilhar "And i love her" para você ouvir.
Ou, de repente, faltou nós!
Faltou a parte de nós que não estava conosco,
Que não podíamos dar.
Faltou conseguir amar, conseguir dizer
"Eu te amo"!
Ou ao menos "Preciso de Você Aqui"!
Faltou conseguir escutar tudo isso também.
Faltou compreender,
É complicado mesmo,
Criamos o entendimento e
Fizemos desse "entendimento criado"
Uma verdade absoluta,
Subordinando aquilo que deveria ser o supremo.
Faltou não ser exemplo, não buscar exemplos,
Construirmos o meu, e o seu
E só!
Faltou a falta, a saudade.
Faltou prencheer essa saudade,
E quando tentou-se...
Opa!!!
Como pode?
De fato não se tinha com o quê prencheer!
Não havia nada para ser colocado ali.
Não havia nem mesmo a saudade,
Nem vontade,
E de verdade, as coisas que sobravam
Eram todas essas faltas.

Fernando Martilis

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A partir de "N"

Por que lembro tanto de você quando escuto essa música?
Por sempre olho para aquela esquina, imaginando que
A qualquer momento você pode dobrá-la,
Sorrindo,
Vindo ao meu encontro,
Para me falar qualquer besteira, me abraçar forte e me deixar feliz?
Por que sinto que você dorme em mim, e que,
Ao acaso você pode despertar
E me despertar desse pesadelo
Que é estar distante de você?
Por que penso que aquela ligação que não tinha ninguém
Do outro lado da linha podia ser você, querendo
Me dizer qualquer coisa que mudaria todo o traçado da própria coisa?
Como eu queria que um "NÂO DÁ MAIS!"
Fosse um "ATÉ LOGO, AMOR!".
Isso porque eu ainda estou apegado a você,
Apegado no seu sentido mais dependente mesmo!
Esperando retornos, palavras, reecontros.
Esperando que lacunas sejam preenchidas,
Acredite, não foram!
Eu tentei, mas não foram.
A não ser, quando
O abraço conseguiu ser parecido com o teu,
O beijo conseguiu me lembrar o teu,
O signo era o mesmo teu!
Final das contas, esperando que você voltasse,
Eu quem volto pra você
De novo, e de novo...

Fernando Martilis