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Da dificuldade...

E que graça teria
Se a dificuldade não
Tomasse seus traçados nessa história?!
Quão rasa a emoção de um sim
Como primeira resposta!
Tu tinhas mesmo que me dizer não,
Matar na unha, como a vã expressão,
Me fazer em postas,
Homem, sentimento, menino
Chorão,
Pidão,
Conquistador,
De um confuso coração...
Dois então,
O teu e o meu!
Pois, só agora retornas?!
Perdida em tuas próprias respostas?!
Logo que me tornei
Desistente,
Temente,
Dos teus confusos sinais...
Se há algo de justo nas tuas novas falas,
Tão ralas,
Quanto outrora fora...
Então
Conveça-me,
Atenha-me,
Tente-me-ter...
Porquê não reconheço mais a vontade de ser teu...
Ou,
Demos de vez, razão a assídua dificuldade
Dando a ela seu mais que perfeito desfecho...
O fim.

Fernando Martilis

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Alguém com o teu mesmo nome.

Estive com alguém com o teu mesmo nome
Ontem à noite...
Ela tinha o mesmo brilho nos olhos
Que tu tinhas
Nos nossos encontros...
Linda, como você,
Inteligente, como os nossos papo-cabeças
Revoltados, amargurados e sonhadores
Por um mundo melhor para todos,
Para nós...
O teu jeito de me deixar bobo,
Admirando-te,
Ela também tinha...
E admirei, horas e horas a fio
Aquela bela criatura,
Que, se não eras tu,
Deveras o meu pensamento me pregaste uma bela peça,
Desenvolvendo a destreza
De te transformar nas outras com as quais estarei...
Mas eras tu,
Tinha o teu mesmo nome...
E, dessa forma,
É que prefiro recordar da noite de ontem,
Como se estivesse estado contigo!

Fernando Martilis

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Proventos

E eu... Que só te querias
Somente quisera que fossemos uma soma
Dois, antes e depois
E agora...
Não somos nada,
Tu menina, não sendo nada
Me tornartes também um nada!
Mas sabias disto,
Escolhetes isto...
Quando eu só querias que fostes tudo,
Toda... Minha...
Gozado, não te pareces que,
Quando mais queremos algo,
Mais este algo,
Divide-se e nos apresenta cada vez
De forma mais fracionada...
E foi assim...
Enquanto te querias aqui
Tu estavas lá, ali, acolá...
Subtraindo nossos momentos,
Nossos beijos,
Transformando o "nosso" em meu....
Deixando-me tendo que multiplicar o pouco,
O teu pouco,
O pouco carinho, o pouco sentimento,
Tão pouco que logo transformou-se no vazio que aqui existe.
E eu que só te querias...
Sem contas, sem saldos, sem nadas.

Fernando Martilis