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Posto que guardasse algo só meu
Tal segredo estaria de certa forma, obscuro a mim.
Embora escorresse uma leve lágrima no canto do meu olho
esquerdo
Desconheceria em grande parte sua motivação e impulso
principal.
Ainda não reconheço hoje, meus passos de ontem
E não me vejo caminhando por trilhas óbvias e bem construídas
amanhã
Pois,
Sempre percorri as estradas turvas,
As melhores,
Quando se leva na bagagem apenas dois dedos coragem e um
pouco de vinho quente
Ah, que relação profunda e deliciosa com o desconhecido!
Quão fascinante a adrenalina imprudente dos adolescentes
sedentos por aventura,
Desventuras em série,
Por vida!
Quem dera as árvores atualmente fossem tão simples de
escalar quanto às de outrora
Estaria sempre no topo,
Não pelo melhor fruto
Mas, pela melhor vista de todos os lados,
Todos os lados, todos!
Sabe...
Lembro como se fosse hoje,
Que ontem sonhei com você
Sonhei com longos beijos e afagos
Longos carinhos e abraços.
Sonhei com uma bela estória que se reescreve
Ontem, hoje, amanhã e sempre.
Por que quando acabar o grafite do lápis,
Os nossos passos se encarregam de escrever na vida.
Fernando Martilis
quinta-feira, 22 de maio de 2014
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Aparentemente tolo e inconsequente
Parecia não medir exatamente
As consequências de algumas decisões
Como?
Como pudera debruçar suas expectativas na perfeição?
Percorria, assim, o caminho árduo do que é suposto,
Entreposto, no refazer de fazer caminhos mal feitos.
Esperava alguém perfeito,
Articulado com as mais intensas e instáveis necessidades que
Adormecem mas não amanhecem na sua cama,
A estabilidade da perfeição gritava-lhe necessária.
Tamanha sandice!
Quanta tolice!
Esbravejam risos debochados...
Seu olhar utópico permanecia no logo após.
Logo após a expressão,
Logo após a confiança,
Logo após refazer o percurso que confunde o sonhar dos
sujeitos viventes.
Sorte que os dias amanhecem em clarões realistas e tocantes
Trazendo às costas, na bagagem, o tempo,
Ansioso por seguir adiante.
E o tempo passou...
Tantas foram as manhãs e tantos outros entardecer
Tão menos aflitos com o após, com o que viria depois.
Após...
Após o tempo passar, preocupa-se mais com os detalhes
achados
Na contemplação da expectativa realizada.
Em pleno êxtase de realização,
Vira-se imediatamente para o lado direito
E exclama para si mesmo,
Com o mesmo olhar utópico de quem outrora optara por
acreditar:
- Ainda bem que você apareceu, estava cansado de ser chamado
de tolo!
Fernando Martilis
sábado, 10 de maio de 2014