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Aspirações

Fechei os meus olhos por um minuto,
Escuridão por escuridão,
Optei por aquela na qual podia imaginar um presente diferente.
Decepcionei-me em cogitar futuros
E avaliar o passado.
Hoje pesou sobre a minha cabeça resquícios de aspirações
Que travam meu respirar.
Lembro-me de puxar o ar dos pulmões,
Como quem puxava a vida para fora de si.
Sempre fiz das lembranças uma cidade na rota de visitas costumeiras,
Como toda cidade,
As lembranças possuem seus recantos sufocantes
Que ainda me surpreendem, 
Ao jogarem no meu rosto, com toda violência,
As vulnerabilidades que conseguem abater-me. 
Àquelas que um dia tentei confrontar ingenuamente
Com aspirações e respirações,
Não adiantou, levaram-me tudo
Levaram-me toda a sorte, ou azar de cogitações
Restando apenas esse lugarejo escuro da cidade
Que visito, vez ou outra,
Mas que não sei bem ainda o que farei dele
Daqui por diante.

Fernando Martilis