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Estreiteza

Não há motivos para adeus
Nem razões para desculpas
Não há necessidades de sorrisos,
Não agora.
Não há pedágios, prêmios ou recompensas
Não se troca
Olhar
Beijo
Ou expectativa.
Não.
Não há questões fechadas,
Muitos menos perguntas abertas.
Não há tempo.
Não há amarras, nós ou entraves
Nem feições e afeições.
Não há arrepio, prazer ou desejo.
Subentende-se, não há encontro
Ou desencontro,
Encanto ou desencanto.
Não há tempo para isso também.
Transfere-se, decerto, o inexplicável.
Do que houve, parece o mais plausível.

Fernando Martilis


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Trânsito

Repouso a cabeça sobre a grama.
Fecho os olhos.
Respiro profundamente três vezes.
O ar me parece mais leve aqui.
Teria uma casa no campo para cuidar, ao som de rocks rurais?
Teria "Alucinação" para escutar aos domingos, numa vitrola velha?
Devaneios de um velho homem
Que, por um momento, se permitiu sonhar
Deitado sobre a grama.
Acordar olhando para o céu
Nos ensina, irremediavelmente, sobre transitoriedade
Uma nuvem sucede outra,
Aviões buscam seus destinos,
A lua pede licença ao sol,
Estrelas caem,
Simplesmente, caem.
Como a chuva, como a temperatura,
Como as lágrimas.

Fernando Martilis