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Supus tantas vezes que o destino me apresentara o amor.
Identificações instantâneas, aproximações vertiginosas,
Arrebatamentos sentimentais intensos,
Carências, acima de tudo, intensas.
Ah se tivesse vivido metade daqueles relacionamentos.
A maioria deles, provavelmente,
Seriam
Avassaladoras decepções
Outros, porém, ainda hoje,
Questiono-me aonde teriam me levado.
Decerto que, com o passar do tempo,
O destino me sorrira menos
Com suas nuances sedutoras.
A lógica me parece mais plausível
Quando tanta coisa é posta em jogo
Como numa paixão.
Amadureci e meus medos e receios amadureceram comigo
Fazendo-me lembrar de que as paixões também amadurecem.
Enfim, parece-me que amor e destino realmente se interpõem
Numa relação irresponsavelmente imatura por caminhos
desconhecidos.
Quando se sabe onde está pisando
Fica menos provável tropeçar em alguma pedra.
Fernando Martilis
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
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Antes de qualquer toque leve, dois longos suspiros
De coragem.
Ao evitar que os olhares se cruzem,
Conto as telhas do telhado velho
Erro as palavras, gaguejo frases feitas
Mudo o assunto novamente
Anseio forças,
Anseio resistir
Mas, simplesmente,
Convenço-me antes do fim
Que nada posso com o inevitável.
Fernando Martilis
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O
tempo passou e permaneço neste mesmo lugar,
Com
os mesmos questionamentos.
Vejo
os mesmos erros sendo cometidos ou contidos
Sob
as mesmas justificativas ou desculpas.
Sim,
há diferença entre justificativas e desculpas.
Quando
magoado, você prefere ouvir desculpas ou justificativas?
Por
falar em mágoas,
Resigno-me
a uma quase dormente nostalgia
De
quando os risos eram frouxos
E
as proximidades apertadas.
Não
costumava ter essas conversas sozinho.
Não
costumava fazer planos sozinho!
Viajaríamos,
teríamos as mais belas recordações de Paris e Amsterdã.
Não
conheci Paris, não conheci Amsterdã.
Ocorre-me
interpelar aquele sujeito feliz que cruza o meu caminho
E
perguntar-lhe:
Por
qual motivo debochas de mim com sua nauseante felicidade?
Que
sujeitinho desagradável, não lhe peso maior que aquele bêbado
Encostado
na parede ali do outro lado da rua.
Ah,
quão leve me parece o viver daquele bêbado que tropeça nas próprias pernas
Logo
ali do outro lado da rua!
Maldito
pé-de-cana,
A
esta hora da manhã e já não saberia pronunciar seu próprio nome!
Que
desperdício de tempo, de vida!
Da
vida e do tempo dele.
Acho,
acho não, tenho certeza que se o interrogasse ele diria:
Bebo,
pois assim me permito sonhar!
Seria
uma boa resposta, eu daria essa resposta!
Porém,
não bebo!
Convenci-me
dessas e doutras verdades ao longo do tempo.
Nossa,
o tempo passou!
Passou
voando o tempo.
Fernando
Martilis
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
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Posto que guardasse algo só meu
Tal segredo estaria de certa forma, obscuro a mim.
Embora escorresse uma leve lágrima no canto do meu olho
esquerdo
Desconheceria em grande parte sua motivação e impulso
principal.
Ainda não reconheço hoje, meus passos de ontem
E não me vejo caminhando por trilhas óbvias e bem construídas
amanhã
Pois,
Sempre percorri as estradas turvas,
As melhores,
Quando se leva na bagagem apenas dois dedos coragem e um
pouco de vinho quente
Ah, que relação profunda e deliciosa com o desconhecido!
Quão fascinante a adrenalina imprudente dos adolescentes
sedentos por aventura,
Desventuras em série,
Por vida!
Quem dera as árvores atualmente fossem tão simples de
escalar quanto às de outrora
Estaria sempre no topo,
Não pelo melhor fruto
Mas, pela melhor vista de todos os lados,
Todos os lados, todos!
Sabe...
Lembro como se fosse hoje,
Que ontem sonhei com você
Sonhei com longos beijos e afagos
Longos carinhos e abraços.
Sonhei com uma bela estória que se reescreve
Ontem, hoje, amanhã e sempre.
Por que quando acabar o grafite do lápis,
Os nossos passos se encarregam de escrever na vida.
Fernando Martilis
quinta-feira, 22 de maio de 2014
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Aparentemente tolo e inconsequente
Parecia não medir exatamente
As consequências de algumas decisões
Como?
Como pudera debruçar suas expectativas na perfeição?
Percorria, assim, o caminho árduo do que é suposto,
Entreposto, no refazer de fazer caminhos mal feitos.
Esperava alguém perfeito,
Articulado com as mais intensas e instáveis necessidades que
Adormecem mas não amanhecem na sua cama,
A estabilidade da perfeição gritava-lhe necessária.
Tamanha sandice!
Quanta tolice!
Esbravejam risos debochados...
Seu olhar utópico permanecia no logo após.
Logo após a expressão,
Logo após a confiança,
Logo após refazer o percurso que confunde o sonhar dos
sujeitos viventes.
Sorte que os dias amanhecem em clarões realistas e tocantes
Trazendo às costas, na bagagem, o tempo,
Ansioso por seguir adiante.
E o tempo passou...
Tantas foram as manhãs e tantos outros entardecer
Tão menos aflitos com o após, com o que viria depois.
Após...
Após o tempo passar, preocupa-se mais com os detalhes
achados
Na contemplação da expectativa realizada.
Em pleno êxtase de realização,
Vira-se imediatamente para o lado direito
E exclama para si mesmo,
Com o mesmo olhar utópico de quem outrora optara por
acreditar:
- Ainda bem que você apareceu, estava cansado de ser chamado
de tolo!
Fernando Martilis
sábado, 10 de maio de 2014
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Das escolhas mais sábias que já fiz
Coloquei-me como expectador participante da tua vida.
Sou testemunha, ávido e celebrativo
Da construção do teu viver-caminhar.
Propus-me a caminhar contigo
E assim tenho-o feito
Mais admirando a beleza da tua companhia
E orgulhando-me de tal prestígio,
Bem verdade.
Sou sonhador do teu horizonte,
O beijo que te acorda nas manhãs,
Os dedos finos e longos que afastam o cabelo da frente do
teu rosto
Que acariciam o teu sorriso.
Apresento-me como o teu refúgio,
A tua busca que não se acaba.
E que nunca se acabe
A presença que abriga,
O singelo testemunho da tão bela e desejada
Complementariedade.
Fernando Martilis
sexta-feira, 21 de março de 2014
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A minha insistência não é nada mais
Do que a simples convicção
De que ninguém te fará tão feliz quanto eu posso fazer-te.
A minha implicância é a sincera medida
Do tanto de carinho que eu tenho para dar-te.
Os meus inúmeros erros em sequência evidenciam
Que os meus acertos estão guardados para um alguém,
Uma pessoa especial; você!
Quando desprezo quem ousa aproximar-se de ti
É a intensa vontade de me ver no lugar da tal pessoa,
Que pode até ser uma pessoa bacana,
Mas, nunca se esforçará o quanto eu esforço-me
Para ser melhor,
Melhor para você.
Cada minuto a mais na tua companhia
É um minuto a mais sorrindo antes dormir
Lembrando-me de você.
E todo instante de lembrança compensa
Qualquer equivoco dessa história,
Alimentando uma fé plena de que
Em algum determinado momento
Tudo estará no seu devido lugar
E fazendo o sentido que hoje não faz.
Fernando Martilis
sábado, 15 de fevereiro de 2014
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Quanto tempo dura a nossa música?
O tempo de mais uma dança?!
Dança comigo mais uma vez...
Entrelaça os teus passos com os meus
Entrelaça a tua vida na minha,
De novo.
Segura forte a minha mão
E me conduz por mais um passo de dança,
Só enquanto durar a nossa música.
Fernando Martilis
sábado, 11 de janeiro de 2014