Inconsequentemente certo

Aparentemente tolo e inconsequente
Parecia não medir exatamente
As consequências de algumas decisões
Como?
Como pudera debruçar suas expectativas na perfeição?
Percorria, assim, o caminho árduo do que é suposto,
Entreposto, no refazer de fazer caminhos mal feitos.
Esperava alguém perfeito,
Articulado com as mais intensas e instáveis necessidades que
Adormecem mas não amanhecem na sua cama,
A estabilidade da perfeição gritava-lhe necessária.
Tamanha sandice!
Quanta tolice!
Esbravejam risos debochados...
Seu olhar utópico permanecia no logo após.
Logo após a expressão,
Logo após a confiança,
Logo após refazer o percurso que confunde o sonhar dos sujeitos viventes.
Sorte que os dias amanhecem em clarões realistas e tocantes
Trazendo às costas, na bagagem, o tempo,
Ansioso por seguir adiante.
E o tempo passou...
Tantas foram as manhãs e tantos outros entardecer
Tão menos aflitos com o após, com o que viria depois.
Após...
Após o tempo passar, preocupa-se mais com os detalhes achados
Na contemplação da expectativa realizada.
Em pleno êxtase de realização,
Vira-se imediatamente para o lado direito
E exclama para si mesmo,
Com o mesmo olhar utópico de quem outrora optara por acreditar:
- Ainda bem que você apareceu, estava cansado de ser chamado de tolo!


Fernando Martilis

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