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Boemia

Tô fadado a vadiagem,
Me encaixo bem nessa filosofia!
Me encaixo bem em você quando sou vadio,
E desvio,
Qualquer sentimento pra longe de mim.
Pra longe de nós!
Para depois ser só eu, sem sentimento
E sem você.
Assim é melhor!
Aqui, encontro aquela que se dispõe a ser
Minha melhor companheira,
E passamos a noite juntos,
Ela gosta de mim, da minha boca.
Embora em meio a madrugada, também,
Eu dê um jeito de me desfazer dela.
Me apego então, a uma outra acompanhante,
Distante,
Ela brilha, ilumina,
Pena que não dentro de mim,
Somente... Superficialmente!
Passamos ainda algumas horas juntos...
Com essa eu arrisco algumas palavras,
Mas ela, não é de muita fala.
É de deslumbre, de encanto.
Só,
Que,
Dela eu me despeço também
Logo ao amanhecer,
Quando ela vai embora
Me fazendo prometer voltar no dia seguinte.

Fernando Martilis

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Estranha

Porque sinto que devia te conhecer estranha?
Porque sinto que em algum momento
Da minha vida
Você foi muito importante?
Sinto que você era das poucas pessoas
Que me decifrava;
Sabia exatamente como eu estava
Apenas ao me olhar.
Se estava feliz ou triste,
Se estava aborrecido com você
Ou esperando algo seu.
Sinto que você ria das minhas piadas,
Ah ria sim,
Sinto que conheço esse sorriso.
Mas de onde?
Tenho quase certeza que
Já vi filmes de terror com você
E que você sabe como odeio esses filmes.
Sinto que já deu boas risadas
Dos meus momentos de fobia.
Sinto que compartilhavamos músicas,
Provavelmente temos gostos muito parecidos.
Sinto que vivi momentos da minha vida
Que só poderiam ter sido vividos
Com você,
Mas porque soas para mim
Como uma desconhecida?
Porque não te conheço estranha?

Fernando Martilis

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Ricardo e as tentativas.

Eu sempre fui um desastrado, daqueles cômicos... Só nunca pensei que algum dia o meu jeito
desastrado de ser fosse me trazer algo de bom!
Pois é, trouxe!
Aqui entra a primeira mulher que ganhará um nome em minhas narrações... 
Claúdia... Eis um nome e uma pessoa marcante!
Mas, vamos por parte.
Primeiro é importante dizer que meu segundo namoro com a vizinha arrependida durou exatos 
TRÊS meses! (Falei da persiguição do número 3 não falei?!)
No final das contas, namoro, mais uma vez não superou minhas expectativas e em relação a ela, 
acho que, o que se passou foi aquele velho sentimento de perda: perdeu, correu atrás, mas depois
percebeu que realmente não tínhamos nada haver um com o outro. Antes que ela acabasse, eu acabei
para não ficar por baixo. 
O que ficou de marcante desse último namoro, de fato, foram realmente essas expectativas frustradas,
e principalmente expectativas no campo do sexo.
É meus caros, eu já era um rapazinho de 17 anos com os hormônios a mil, subindo pelas paredes.
Aquela fase em que não é aconselhavel pegar na mão de um rapaz sem certificar-se que ele as lavou
muito bem lavadas antes.
Não tivemos oportunidades, parece mentira, mas não!
Vontade nos tinhamos, como também receio (os dois eram virgens), sem contar que a mãe dela também tinha muita 
vontade de que isso não acontecesse nunca, pra completar.
Nos raros momentos que poderíamos ter ido mais a frente o medo de alguém chegar, ou de viver 
aquilo falou mais alto.
Superado, mais dos muitos relacionamentos que terei na minha vida, me sentindo pressionado com 
vestibular, e com virgindade, conheci Claúdia!
Na verdade, eu derramei refrigerante em Cláudia, que estava pronta para sair, toda arrumada!
E ao invés de me xingar ela sorriu e disse:
- Como você é desastrado.
- Desculpa! (Tentado secar o refrigerante que tinha sido derramado próximo aos seus seios).
- Desastrado e bonitinho!
Eu com todas as minhas infantilidades de 17 anos e ela com toda a sua exuberância de 22 conseguiu
me achar "bonitinho".
Uma mulher... Decidida, engraçada, linda, inteligente... E com uma quedinha por garotos mais novos, 
desastrados e virgens.
Cláudia me ensinou uma importante lição sobre sexo, antes mesmo de fazê-lo:
Quase todo mundo tem uma certa tara por virgindades! 
Ela sendo irmã de um amigo com quem eu estudava e principalmente com quem eu tinha que fazer 
muitos trabalhos da escola ajudou muito o nosso conhecer-se melhor.
Em pouco tempo, eu me tornei meio que um brinquedinho sexual dela. Pela internet conversávamos 
altas sacanagens.
Eu e Claúdia entramos na brincadeira de professora e aluno, e ela era uma ótima professora!
Aos poucos, fui virando um bom aluno e cada vez mais ansioso por aulas práticas.
E elas chegaram!
Essa, com certeza, foi a fase da minha vida em que mais pensei em sexo.
Na minha cabeça só vinha aquele refrão do Lulu:
"Mas eu só faço com você
Só quero com você
Só gosto com você ê ê
Adivinha o quê?..."
Bem... O que se segue é que... Não fiz!
Acontece que, toda aula que se preze tem sua prova, e no dia da minha, eu tive aquele branco sabe?!
Pois é, minha primeira vez acabou não sendo a primeira.
E aqueles diálogos que geralmente se seguem nas minhas narrações quando estão no seu ápice,
hoje só serão silêncio, porquê simplesmente não existem palavras para esse momento.
- Mas?
- ?!?! Desculpa!
- !?! Fazer o quê né?!
- !?!
Assim se deu a tentativa da minha primeira vez.
Fernando Martilis

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Veneno

Enveneno-me
Com esse doce veneno que é você.
Ah... Beijo que quero não querer,
Decisões que não quero ter,
Definitivamente...
Não dá para desfazer
Fazendo!
Essa coisa de passos que vão para frente
E voltam para trás
Não é comigo.
Não sei dar passos para trás sem me virar
E passar assim a dar passos para a frente
Novamente.
Acabo me enxendo de expectativas,
Como todo ser humano inconsequente.
Ou não!
Acabo me lembrando porque tudo isso
Virou passado,
Manipulando todas as minhas
E as suas
Ações.
Fazendo disso tudo
Um jogo,
Um ilusório jogo
Onde no fim das contas
Ter me envenenado
Só serviu para envenenar-te também
Depois,
Com os meus,
Já envenenados,
Beijos.

Fernando Martilis

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A moça e eu.

Ah moça... Haverá um dia em que minhas piadas não terão a menor graça,
Que minha voz será irritante
E minha mania de reclamar de tudo ironicamente
Será insuportável!
Moça... Haverão dias que não serei carinhoso,
Preferirei ficar distante,
Sem ligações, sem contato.
Estarei, algum dia, cheio de dúvidas,
Embora plantado em certezas.
Ah moça... Haverão noites longas, dias longos
E haverão músicas que não serão cantadas juntas.
Haverão dias em que os gostos não combinarão.
Moça... Eu estarei chato mesmo, algum dia,
Você irá claramente, e com toda razão querer ir pra longe de mim.
Ficarei repetitivo,
Cansativo,
Monótono!
Terás a sensação, moça, que saberás de tudo sobre mim:
Cada coisa que falarei,
Cada atitude que terei,
Haverá um dia que nós pareceremos uma comédia romântica
Daquelas que repetem milhares de vezes na "sessão da tarde".
Mas serão nesses dias moça... Quando anoitecer...
Que mais precisarei de ti,
E precisarei porquê
Você realmente me conhece como ninguém mais,
E sabe tudo de mim mesmo.
E isso, nesse momento, não será repetitivo ou ruim,
Moça,
Será necessário...
Porque nesse momento,
Só você,
Moça,
Saberá me fazer feliz!

Fernando Martilis

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A partir de "A Estrada"

Foi bem díficil conseguir vir até você.
Precisei me perder, me encontrar
E... Principalmente
Encontrar algo que me servisse de desculpa
Para justificar tudo o que
Ainda sinto por ti.
Fui há muitos lugares, na verdade,
Fui a todos os lugares que costumávamos
Ir juntos.
Fui sozinho!
Por alguns momentos
Consegui reviver
O cheiro,
O beijo,
Como em flashbacks de filmes.
Nesses momentos, eu me sentia forte,
Como fora no momento real.
E sentia que, de alguma forma,
Mesmo que em lembranças pulsantes,
Você ainda estava presente em mim.
Isso tudo têm me acompanhado na vida...
E me trouxe até aqui.
Impregnado dessa vontade de estar com você.
Dessa vontade de esbarrar em você
Quando acordar e esticar o braço na cama.
Dessa vontade de te preparar
Uma água suja (que parecerá muito com café)
Ao amanhecer
E dizer o quanto você está linda
Mesmo ao acordar
E reforçar o quanto estou feliz
Por você estar ali comigo.

Fernando Martilis

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Reviravoltas

A sensação que tenho
É
Que sempre preciso estar preparado
Para o futuro.
Eu nunca sou o presente,
Nunca sou a melhor escolha.
Sou sempre a opção.
Acontece que,
Nessa coisa de me preparar para o futuro,
Acabei virando um expert em reviravoltas.
Sabe porquê?
Por que, quando chega o futuro
Eu estou lá,
Mais-do-que-preparado!
Tudo o que você queria,
Só que não mais para você.

Fernando Martilis

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O portão.

Se um dia você "acertar" o caminho
E vir parar na minha rua como era de costume
Não se preocupe,
Estarei lá,
Como por intuição,
No portão te esperando, como sempre fiz,
Naquele mesmo portão,
Pelo qual eu deixei você ir embora.
Ele, o portão, não mudou nada
E nem eu.
Tendo a consciência do quanto doeria,
Permiti que você saísse da minha vida
Acreditando, lá no fundo, que um dia retornarias.
Resisti pouco, foram poucas repostas
Para muitas lágrimas,
Pouca certeza para muito sentimento.
E mesmo sabendo que,
As despedidas haviam começado bem antes,
Com os sinais que vinha me dando,
Acredite,
A dor não foi menor.
Pois entre a presença ausente e a ausência presente,
Optei ficar com a lembranças
Pois, naquele momento senti que
Essas lembranças não voltariam,
Não acompanhadas contigo,
Mas sozinhas,
Me fazendo lembrar de nós todas as vezes
Que minha intuição me leva ao portão
Me dizendo que você pode chegar
A qualquer momento.


Com a charmosa participação de Daíse Pinheiro...
Fernando Martilis

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Vento

Tenho uma relação íntima com o vento!
O vento sempre me traz coisas boas,
Bons motivos pra rir.
Como isso?
Fecho os olhos,
Sinto o vento.
Parece que em mim
Ele bate direto no coração,
Me levando a flutuar por
Sonhos,
Magia,
Branca tá? muito branca!
O melhor é que, eu tenho certeza...
Aonde eu for
O vento irá comigo...
Viajarei pelo mundo,
Seguirei estrelas cadentes,
Conhecerei amores,
Sentirei perfumes,
Dançarei na chuva,
E ao meu lado... um fiel companheiro vento
Me mostrará a direção,
Me avisará dos percauços,
Me levantará e me fará voar
Para uma amizade
Bem como o vento,
Baseada no sentir...
No sentir carinho.

Fernando Martilis

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Pensar

Pensar me pede gestos.
Molhar os pés no mar enquanto
Caminho na praia,
Sentar e escrever enquanto
Escuto essa música,
Discar o teu número
Quando olho para esse telefone
E penso no tamanho da minha vontade
De falar contigo.
Pensar, no meu dicionário, podia
Perfeitamente ter o teu nome como significado.

Fernando Martilis

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Beijo bandido!

Ah... beijo bandido,
Beijo atrevido,
Beijo colecionador de outros beijos!
Pensas que não sei
Que é assim que os beijos teus
Chegam a mim?!
Pensas que não sinto
Quando deixastes, do teu beijo, metade
Com alguém e me trouxestes apenas
As sobras de uma longa noite?!
Beijos vãos,
Que já não sei se são mesmo os teus
Ou a reprodução das bocas que
Beijastes antes de chegar a mim.
E eu que...
Beijo-te tão entregue,
Tão eu...
Trago-te tão para mim
Com meu beijo,
Já não sei mais quem
Acolho
Também
Quando beijo-te.
E pior... quando penso, que
A beijar-te, entregue estou a ti,
Só sabe Deus, em qual próxima boca
Meu beijo desaguará.
Ah... triste fim, imaginar tudo isso
Ao beijar-te.
Fernando Martilis

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Dom

Queria tanto dons que não tenho!
Queria poder adivinhar quando você irá ligar
Para preparar o coração,
Ou quando você nem pensa em ligar
Para que eu possa me dizer, olhando para o espelho
Que sou uma pessoa de coragem e 
Assim tomar a atitude da ligação.
Queria poder prever o futuro não-muito-distante.
Para te dizer o quanto serás feliz comigo
Com toda a certeza do mundo!
Queria ter o dom de ser quem não sou
E ser o que te agrada, te fascina.
Mesmo que depois o encanto acabasse e eu voltasse ao normal,
Vai que, 
Você já estivesse irremediávelmente apaixonada por mim.
Queria ter o dom de ter.
Ter o que te agrada partilhar,
Porque o ter é para isso, para partilhar!
E sabe o que tenho? 
Só poemas velhos
E músicas de velhos para escutar junto.
Ah... tenho umas piadas sem graça pra contar
De vez em quando também!
Pena não ser suficiente.
Sabe... Queria ter o dom de ser sempre presente.
Na hora certa, 
E na incerta também...
Porque, são essas horas que preciso ganhar de ti!
Estando nas horas certas e nas incertas 
Estarei, consequentemente na tua vida.
E isso sim seria um lindo dom:
Eu e você juntos!
Fernando Martilis


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Doce

Doce é o tempo que passa
Na ânsia de um reencontro.
Doce que se faça, então,
A saudade, a vontade, a verdade
Presentes em mim,
Imaginando os doces momentos 
Compartilhados contigo:
Doces desejos, beijos doces.
Doce amor.
Sonhos.... doces,
Que sejam!
Como músicas cantadas a dois,
Como esperar um pouco mais,
Depois
Do pôr-do-sol
Pois,
Um nascer do sol com nós dois
É tão mais doce
Acompanhado de um abraço doce.
Doce cheiro da manhã,
Doce cheiro teu!
Lembranças que até trazem teu 
Doce para a minha boca,
Para enfim
Doce mesmo
Ficar o meu coração.
Fernando Martilis

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A praça.

Estou eu aqui, sentado
Nesse banco de praça.
O pensamento lá longe,
Em ninguém não!
sentado aqui, ponho-me a cantar
Um refrão ou outro,
De músicas que sempre canto,
Chego a abusar delas
Mas, volto a cantá-las depois.
Olho para o balanço das árvores
Tentando descobrir a direção do vento,
De repente a direção dele serve para mim também!
Vejo as pessoas passarem
E me vem a vontade de imitar
Os passos, os sorrisos, as falas
Mas, essa vontade logo passa também
Porque cedo ou tarde,
Num relance,
Percebo que tenho meus próprios
Passos a caminhar,
Tenho meus próprios sorrisos a manifestar,
Minha próprias músicas a compor.
Mas "pera" um pouco vai?!
Acho que posso ficar mais
Cinco minutinhos aqui
Sentado nessa praça.

Fernando Martilis

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Meu Perfil por Ana Ximenes.

Dois pontos claros, como o sinal de trânsito verde, é o que se avista de longe. Depois uma branquidão imensa, que permeia o ambiente, dando a característica do sorriso, que carrega a sutileza da boemia com a sensibilidade de um Jazz. Dedos longos de um bom escritor, palavras intensas, porém rápidas, como quem foge da sua própria verdade. Ele as escreve, mas foge delas. Sim, ele é contraditório, como toda boa teoria. Fervoroso, ou diria supersticioso? Adora querer adivinhar o futuro, a sorte e o presente que ele não entende. Um ombro consolador, uma voz que nunca se cala, um aconselhador barato, mas fiel. Um amante real, mas que some na manhã seguinte, com medo da lua que virá. Uma cantoria desvairada, mas que serve de canção de ninar para corações inquietos. Uma voz marcante, que fecha a cena.Um grito, um medo, um consolo, ele pode ser tudo isso em um ser só, ainda não sei se ele existe, creio que há coisas que vemos e que sentimos, que ainda não existem, precisam ser criadas. Seria ele uma criação, certamente. Mas de quem?

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A partir de "Resposta"

Foram tantas as cartas...
Te escrevi uma vida sabia?
Vivida sozinha!
Nesses papéis que já devem estar amarelados,
Com a letra borrada,
Ou talvez nem existam mais...
Foi um tanto de mim
Que jamais ousei apresentar a ninguém novamente,
E ninguém mais
Se interessou em conhecer também,
Muito provavelmente porque
Esse tanto de mim
Ainda escreve frases pra você!
Imaginando como você as responderia...
Nunca respondeu!
Pena eu apenas construir perguntas e não respostas,
Faltam as tuas exclamações pra mim!
Enquanto isso
Tô aqui,
Fazendo do vivido
Vida presente, vida futura.
Criando mil perguntas
E pensando que, quando você
Responder a primeira dessas perguntas,
Faltarão ainda novecentos e noventa e nove
A serem respondidas.
Acreditando que o tempo que levará para você responder
Novecentos e noventa e nove perguntas será bem grande,
Por consequência,
Um tempo bom de passarmos juntos.
Um tempo bom de eu passar com você!

Fernando Martilis

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Ser ou não ser!

Sou eu mesmo quando não tento ser eu!
Não sou poeta, sou cantor!
Não sou um túnel... mas estarei logo ali na frente... o horizonte!
Não sou bom, na verdade sou pésssimo!
Sou de uma doce maldade insuperável e comum!
Mas terei muitas palavras boas, atitudes boas
E as piores de mim também virão!
Não sou pouco, nem muito, muito menos a medida certa,
Correta,
Somente, ou a não ser para mim.
Não sou antencioso, já fui, não vale a pena!
Sou orgulhoso
De uma forma que, por favor, não tente descobrir!
Com essa mesma intesidade...
Eu serei sincero, carinhoso, e verdadeiro.
Mas ó... só acontecerei uma vez ou outra!
E não espere nada disso de mim!
Porque quando for surpreendente
Não serei nada disso aqui
Serei totalmente diferente
Contraditório as vezes,
Você acha que consegue lidar com isso?

Fernando Martilis

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Romoaldo e Juliana.

Juliana... Ela é linda. Olhos verdes, pele branca, suave. Cabelos claros, longos, na cintura.
Filha de um médico e de uma advogada, de família rica.
Canceriana, torcedora do Fortaleza, adora seus ramsters e MPB.
Anda de patins nos domingos, tem seu próprio carro.
Inteligente, estudante de psicologia, idealista acredita nas pessoas, acredita que pode contribuir para um mundo melhor.
Romoaldo... filho de mãe solteira, doméstica. Feio, cabelo ruim, pele castigada pelo sol, magro, sorriso apático.
Geminiano, fanático pelo Ceará, sempre sai pra passear com seu cachorro "Betovem".
Como um bom geminiano escuta de tudo, pega seis ônibus por dia, oito se decidir assistir um bom filme no cinema.
Estudante de cursinho, deseja ser um professor, necessita enxergar um mundo melhor.
Até que um dia, um esbarrão transforma-se em ponte, encurta a distâcia de duas vidas,
de duas realidades totalmente distintas.
Ele apenas, foi gentil, ajudou-a a apanhar seus livros que falavam do comportamento dos homens.
E de fato, ela aprendera bem a observar comportamentos. O simples gesto dele em ajudá-la, a encantou.
O amor é assim... transforma o simples no especial!
Ali, Romoaldo e Juliana davam ínicio a uma história que contradiz a ordem, a lógica
E exulta o sentimento na sua forma mais verdadeira, que é quando, por um segundo que seja, o que te encanta
é mais que uma aparência, um status, ou algum interesse, e sim, a pura essência.
Os belos olhos verdes dela conseguiram enxergar beleza onde quase ninguém conseguia.
O obrigado dela e o convite para tomar um suco, simplesmente por ele ter sido gentil, estampou no seu rosto um sorriso,
que, nem de longe lembrava aquele sorriso apático.
E não bastou muito tempo de conversa para que ela pudesse perceber por onde começaria
as mudanças que tanto queria.
Nas histórias de amor atuais, quem precisa morrer é visão de que o amor não exite,
A visão que só permite enxergar o que é dito ser bonito de se vê.
As visões que não ultrapassam, que não enxergam futuro, presente, nem nada.
Ah... o que aconteceu com eles?
O sociólogo e professor universitário Romoaldo e a Doutora Juliana, contam todas as noites
belas histórias de amor para seus dois filhos dormirem acreditando numa "tal de essência",
que hoje eles não entendem bem, mas que um dia entenderão.
Histórias que contam com a Princesa Juliete conheceu o bravo cavaleiro Romão,
Onde eles se apaixonaram, venceram os vilões, e foram felizes para sempre.
Fernando Martilis

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Que tal hoje?

Sabe aqueles dias
Que você acorda querendo mudar sua vida?
Pronto pra tomar aquela atitude que
Irá colocar ou tirar de vez tudo dos trilhos?
É... essas atitudes, infelizmente, não dependem
De ter começado o dia fazendo sol ou chovendo,
Não dependem do horóscopo diário, se marte está
Na segunda casa de gêmeos ou não!
A mais pura verdade é que
Essas atitudes só dependem de nós mesmos
E da nossa consciência e postura
Em relação a vida que temos
E a que queremos!
É triste demais sermos passivos ao medo, ao orgulho,
As dificuldades.
É necessário entender que algumas coisas na vida
Foram feitas para serem superadas,
Se não é você quem as supera
Então serão que elas que superarão você!
Arrisque hoje!
Mude,
Tente,
Fale,
Ande,
Escute!
Se estiver chovendo, dance na chuva!
Se marte está na segunda casa de gêmeos,
Mude sua data de nascimento!
Que tal hoje para "nascer de novo"?
Que tal hoje hein?!

Fernando Martilis

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Ricardo e as redundâncias.

Tem uma música da banda Roupa Nova... "Coração Pirata", que sempre foi bem expressiva para mim:
"O meu coração pirata toma tudo pela frente

Mas a alma adivinha
O preço que cobram da gente
E fica sozinha...
Levo a vida como eu quero
Estou sempre com a razão
Eu jamais me desespero
Sou dono do meu coração".
Era bem assim que eu me sentia, que eu queria ver a vida ... Tendo um "Coração Pirata". Minha rotina de conquistador me permitia ter, o que eu julgava ser, o bom de um namoro: a pegação! Sem a pior parte: as cobranças, as dúvidas, os medos, a desconfiança e principalmente a fidelidade!
Eu realmente tinha aprendido a ser um conquistador, e tinha realmente vocação para a coisa sabe?! É nato, precisava apenas de um empurrãozinho. Desculpem a falta de modéstia, mas é que as conquistas moldam a auto-confiança do conquistador!
Nesse tempo, tinha descoberto algo importantíssimo sobre mim: Eu detestava fidelidade! Até conseguiria ser fiel, se gostasse bastante. Mas poder ficar com quem eu quisesse era tão encantador que me afastava cada vez mais da possibilidade de permanecer muito tempo com alguém! Colecionei aqui inúmeras histórias de três meses, não passavam disso! Perdia a graça estar com alguém, um tempo superior a esse. E esse número três (3) passou a ser emblemático na minha vida, a partir daqui.
Acontece que, como diz na música, a alma cobra mesmo um preço... E esse preço tem nome (que particularmente me assombra)... SOLIDÃO!
Nos momentos em que mais precisamos, a tal da ficante não tá lá. Aquele abraço, não tem de onde se esperar! E aí vem a vontade de não ser mais o único dono desse meu coração, de dividí-lo com alguém! Hoje costumo dizer que minha vida é feita de fases diferentes, e que exite um EU para cada uma dessas fases. Sendo que, tem uma dessas fases que se repete sempre, e é justamente essa fase de querer um alguém do lado... Volta e meia me vem essa necessidade estúpida e indispensável de estar apaixonado.
Justamente quando eu estava gostando da coisa de ser o conquistador... Olha quem me aparece de volta... a tal vizinha! Aqui começava de fato um dos meus karmas... Histórias de idas e voltas! Inúmeras foram elas...!
Sinceramente... Uma pessoa com um pingo de amor próprio acreditaria nas saudades e sentimentos de uma pessoa, que tenha passado pela sua vida, da forma em que ela passou pela minha? (leia o último texto!)
Essa coisa do amor próprio, eu realmente, nessa época, precisava trabalhar mais em mim!
O discurso dela coube direitinho no que eu necessitava, ela estava disposta a receber exatamente o que eu estava proposto a dar naquele momento, e vice e versa.
É bom, vai... Eleva o ego alguém voltar assim... Reconhecer que errou!
Lembro-me dela... Bonita, atraente... No nosso primeiro reencontro depois de muitas conversas ao telefone.
- Não sabe como tenho pensado em ti!
- Tem é?! (minha metralhadora de ironias e sarcasmo estava carregadíssima)
- Sinto muita saudade de ti, tava lembrando outro dia das músicas que tocaram na primeira vez que nos beijamos.
- Sinceramente, não lembro! (boa essa!)
- Não faz assim, vai! Você lembra sim! Do mesmo jeito que, eu lembro sempre das coisas que você me escreveu naquelas cartas e que, agora eu quero pra mim!
- Não acha que é tarde demais não?!
- Não! Alguma coisa me diz que você ainda gosta de mim! E eu tô aqui pra te dizer que fui uma idiota te ignorando, e que, só agora percebi que também gosto de você. Se você ainda sentir alguma coisa por mim... Eu queria muito... Fii-ficar contigo!
Como eu disse... As vezes, as coisas só precisam ser o que você precisa ter.
Dessa forma, cômoda, começava meu segundo namoro!
Fernando Martilis

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Borboleta

Vai borboleta, voa!
Voa pra longe de mim,
Voa para os ventos que conseguiram te fazer feliz, voa!
Voa borboleta, voa rápido,
Para quem conseguiu despertar o teu querer bem.
Voa borboleta,
Para longe dos meus espinhos,
Para longe dos meus carinhos,
Do meu amar,
Do meu jeito leviano de amar.
Voa borboleta, seja inteligente,
Seja interesseira!
No seu lugar eu também estaria interessado
No melhor para mim.
Voa borboleta, voa!
Como todas as outras.
Não é pecado querer receber mais do que dar.
Voa borboleta... voa pela vida,
Pela tua vida,
Assim mesmo, saindo da minha, voa!
Voa borboleta vai,
Faz o teu vôo lindo e duradouro,
Voa nesse oasis que encontrastes.
Porque o meu jardim, borboleta,
É isso aqui mesmo,
É só isso aqui,
Sou só eu!
Voa vai borboleta... vai... voa!
Voa!

Fernando Martilis

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O que era, não é mais.

Paro pra pensar às vezes e
Percebo que
Nada na vida parece mais igual.
Tudo está diferente!
Os sorrisos não são mais os mesmos
Os olhares não atraem mais a atenção
Que outrora atraiam.
As palavras não são mais divertidas
E, a alegria não é mais tão alegre.
Bem que Lulu cantava:
"Tudo muda o tempo todo mundo".
Tudo muda dentro da gente,
Dentro do outro,
Um lugar também muda.
Mesmo o tudo que parecia estar
Tatuado na memória
Não é mais igual.
As coisas mudam e nós nem reparamos!
Somente quando essas mudanças nos atigem...
E como é estranha a sensação de
Sorrisos, olhares, palavras, lugares
Terem mudado
E você, mesmo no centro de tudo isso...
Não ter participado de nada disso!
Ficando a cargo seu, apenas
Buscar novos significados
Para o que agora é o "novo",
Porque ser igual ao que era antes
Não é meu tipo preferido de mudança.

Fernando Martilis

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Aprendizado

Sinto-me perdido!
Perdido entre os meus medos
E os meus desejos e sonhos,
Em cima de uma muralha contínua
De dúvidas.
Ora penso não ser mais capaz de
Reconstruções.
Ora vejo, não somente a necessidade,
Mas a vontade
De ser protagonista.
Fazer acontecer mesmo!
Ter as rédeas da minha própria vida
Nas minhas mãos.
Logo eu que sempre gostei de ter o controle das coisas,
De uma hora para a outra não controlo mais nada!
Não é que tenha desaprendido a ser eu sabe?!
Tenho certeza que não!
Mas aprendi a fingir
Não ter aprendido nada,
E o pior,
Muitas vezes sob o discurso
De estar vivendo o aprendizado.
Acontece que,
Aprendizado não limita,
E sim, liberta!
Não traz dúvidas, mas sim, respostas!
Não puxa para trás,
Ao contrário, empurra pra frente.
Agora, alguém me explica isso
Por favor!

Fernando Martilis

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Piegas

Respiro fundo,
Fugindo
Por um segundo
Dos maus sentimentos
Em que afundo
Quando penso em ti.


Me escapo,
Para um longe inimaginável,
Pois só longe de ti
Não é suficiente
Quando é dentro de mim
Que você está constantemente.


Pensamentos normais vão e vem,
Pensar em ti não!
Está além
Das vontades e necessidades
De um pobre coitado,
Subordinado,
A pensamentos passados.


Passado presente,
Carente
Me vejo,
De bons pensamentos,
De bons sentimentos.


Livres da tua presença,
Cheios de liberdade
Contendo neles a sentença
Da minha felicidade.


Fernando Martilis

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Falta

Faltou algo, não faltou?
Faltou uma palavra, ou algumas palavras.
Faltou escutar aquela música, lembra?!
Ou faltou não ter escutado música alguma.
Já sei...
Faltou você ter esperado um poquinho,
Para que eu pudesse aprender a tocar violão
E nele dedilhar "And i love her" para você ouvir.
Ou, de repente, faltou nós!
Faltou a parte de nós que não estava conosco,
Que não podíamos dar.
Faltou conseguir amar, conseguir dizer
"Eu te amo"!
Ou ao menos "Preciso de Você Aqui"!
Faltou conseguir escutar tudo isso também.
Faltou compreender,
É complicado mesmo,
Criamos o entendimento e
Fizemos desse "entendimento criado"
Uma verdade absoluta,
Subordinando aquilo que deveria ser o supremo.
Faltou não ser exemplo, não buscar exemplos,
Construirmos o meu, e o seu
E só!
Faltou a falta, a saudade.
Faltou prencheer essa saudade,
E quando tentou-se...
Opa!!!
Como pode?
De fato não se tinha com o quê prencheer!
Não havia nada para ser colocado ali.
Não havia nem mesmo a saudade,
Nem vontade,
E de verdade, as coisas que sobravam
Eram todas essas faltas.

Fernando Martilis

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A partir de "N"

Por que lembro tanto de você quando escuto essa música?
Por sempre olho para aquela esquina, imaginando que
A qualquer momento você pode dobrá-la,
Sorrindo,
Vindo ao meu encontro,
Para me falar qualquer besteira, me abraçar forte e me deixar feliz?
Por que sinto que você dorme em mim, e que,
Ao acaso você pode despertar
E me despertar desse pesadelo
Que é estar distante de você?
Por que penso que aquela ligação que não tinha ninguém
Do outro lado da linha podia ser você, querendo
Me dizer qualquer coisa que mudaria todo o traçado da própria coisa?
Como eu queria que um "NÂO DÁ MAIS!"
Fosse um "ATÉ LOGO, AMOR!".
Isso porque eu ainda estou apegado a você,
Apegado no seu sentido mais dependente mesmo!
Esperando retornos, palavras, reecontros.
Esperando que lacunas sejam preenchidas,
Acredite, não foram!
Eu tentei, mas não foram.
A não ser, quando
O abraço conseguiu ser parecido com o teu,
O beijo conseguiu me lembrar o teu,
O signo era o mesmo teu!
Final das contas, esperando que você voltasse,
Eu quem volto pra você
De novo, e de novo...

Fernando Martilis

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Dose

Um riso,
Uma dose de uíque.
Um suspiro, outra dose.
Uma olhada para o lado,
Como quem não quer nada,
Ao mesmo tempo em que
Desenha a borda no copo com o dedo.
Uma mordida nos lábios
E mais uma dose.
Uma mexida no copo 
Para misturar o gelo,
Uma mexida também no cabelo,
Tirando do pescoço,
Deixando-o a mostra
Como um convite, 
A mais uma dose de uísque.
Uma encarada,
Olho no olho,
Agora a dose é de copo todo,
Uma virada,
Para tomar coragem
E ir embora!
Fernando Martilis

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Pimenta

Quando passar pela sua vida
Serei rápido e intenso,
Independentemente dos sentimentos que em você 
Eu manifestar.
Deixando querer bem ou querer mal,
Gosto ou desgosto
Serei bem como a pimenta;
Forte quando estiver em sua boca,
Mas com um efeito que não,
Com certeza não,
Passará de um momento, de um sabor vão.
Fernando Martilis


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O diferente!

Porque o comum é o melhor?
Teoricamente o que é raro
Deveria ser mais valorizado,
É irônico isso valer para os objetos
E não para as pessoas!
Com as pessoas
Basta ter na lista coisas bem padrões
Que agradam a todos
Ou simplismente ter todos,
O que parece despertar nas pessoas a vontade
De ser mais um!
Que triste!
Ninguém nunca pensou em ser único?!
Exclusivo?!
É tão difícil assim optar
Pelo diferente??
Explorar o diferente??!
É tão difícil parar para pensar em
Porque o diferente é o DIFERENTE e não o padrão
Chato e igual?!

Fernando Martilis

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Idas e vindas.

Tá...
Tô pronto!
Que venham novas músicas,
Novos filmes,
Novas brincadeiras.
Falas
Faladas sempre!
Que venha o que nunca virá denovo,
O que esqueceu que era hoje
Tendo sido ontem
Deixando para a próxima!
Que venham as lágrimas risonhas
Os risos chorados
Os olhares distantes
Do perto constante.
Que venham as falhas,
Os medos,
Os limites,
Tô pronto pra superá-los!
Que venham as surpresas,
O inimaginável real
Transformando a realidade em sonho
Não antes imaginado
Mas vivido
No discurso não dito!
E dito uma vez só.
Que venha tudo de novo outra vez,
Faz assim... Vem não!
Só continua aqui... Nem acabou direito ainda!

Fernando Martilis

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A partir de "Chão de giz".


Só não me sinto mais só
Quando vez ou outra
Fico a olhar nossas fotos,
As que não tive coragem de rasgar ou queimar.
Me vem a cabeça nesse momento
Tantos outros momentos,
Que desatento só os vivi mesmo na lembrança
Ou nos sonhos.
Queria mesmo era ser desatento
De ti.
Colocar numa dispensa
Onde se depositam coisas velhas
E lá esquecer-te como um antigo patins
E como bilhetes que as letras já se apagaram.
Isso porque, já tentei de tudo,
Tudo para ficar perto de você.
Porém, o teu perto é diferente do meu,
Eu não sou um momento, eu sou um pôr-do-sol.
Eu não sou um beijo só, eu sou um beijo e um abraço.
Tudo de mim vai com um pouco de mim.
Quando, eventualmente, o desejo me toma,
Me toma também a vontade de te encontrar...
Mas, dando risos comigo mesmo, me ponho louco
Por perceber que o coração de um general de guerra
Jamais me compreenderá,
Não sem roupa.
Pior é que o tempo passa
E que eu não tenho passado com ele!
Talvez seja hora de mudar de casa
Esquecendo algumas coisas antigas na dispensa.
Na realidade não sou mais a criança que só sou com você
Mas, você não precisa saber disso.
Por hora, saiba apenas que...
Seguirei conselhos de Quintana
Sobre jardins e borboletas.

Fortaleza, 19 de junho de 2011.
Forte abraço, cherry.
Fernando Martilis

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ELA

Ela que tem aquela voz,
Aquele jeito de falar, ou não falar!
Ela que sai, some
E não volta mais, só dias depois
Rindo, e sendo bem ela mesmo.
Ela que quando rir me olha depois
Com aquele olhar nada angelical
Vira, desvira
Minha mente
Declarando ingenuidade
Depois maldade
Me confundindo todo
Só por ser ela.
Ela que tem gosto de siriguela,
De leite condensado,
E vez ou outra de uísque,
Meu gosto preferido dela.
Ela que vestida
De vestido
Como todas elas
Consegue ser ELA na
Na sultileza que nenhuma delas
Jamais conseguiu ser.
ELa que definitivamente
Não se esforça nem um pouco pra
Conseguir ser ELA.

Fernando Martilis

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Ditado

Meu Deus está tudo em tuas mãos
As linhas tortas estão complicadas
Mas sei que
O que está sendo escrito
No final das contas será bom!
Tem que ser
Porque é a única espectativa que
Ainda alimento em mim
Que o que irá
Restar disso tudo
Seja algo realmente bom!
Ou pelo menos o aprendizado que me
Faça discernir daqui pra frente
O bom do ruim!

Fernando Martilis

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Ricardo e as safadezas!

Ouvi uma mulher de meia idade dizer uma vez que existem dos tipos de homens:
Existem os "safados" e os "príncipes encantados". E ela ainda acrescentou que os príncipes encantados as mulheres só vão querer após os trinta, quando vão pensar em casar e ter filhos. São os safados os escolhidos para a juventude!
Pensando nisso, comecei explorar um pouco minha fama de conquistador, a questão é: eu não era um conquistador, nunca fui, a fama caiu no colo e eu escolhi abraçar, mas, como mantê-la? Principalmente por que, para a minha surpresa, a "vizinha bonita" se afastou de mim. Gozado não? Enquanto estava namorando ela vivia no meu pé. Quando estou solteiro, ela mal fala comigo!
Bem, a curiosidade sempre foi uma grande motivação para mim, e se, me inquietava saber por que a vizinha tinha sumido, então eu provavelmente iria atrás de saber. E eu fui! Perguntava o que tinha acontecido, e ela, simplesmente dizia que não tinha acontecido nada. Que estava e tudo bem e que nos encontraríamos depois. Acontece que depois não tem data definida, é ruim esperar um "depois" não é?! Se falar com ela não estava dando certo, me veio à cabeça a "brilhante idéia" de mandar cartas... Olhem, vocês vão perceber que, talvez os maiores erros na minha vida aconteconteceram envolvendo cartas! Cartas não me dão sorte!
Na minha cabeça eu precisava da vizinha para efetivar minha fama de conquistador, e assim, ficar com quem eu quisesse, depois que acabasse o lance com ela! Só que, para ela já tinha acabado, e claro que eu não sabia disso e muito menos eu tinha me transformado no conquistador que eu desejava ser, e só para piorar caros amigos, escrevendo cartas me vi gostando pra valer dela. E piorou quando, para tentar vê-la, eu passava a ir encontrá-la na saída da escola onde ela estudava. Esperava horas, parecia que ela sabia que eu estaria lá, e demorava ainda mais, aparecendo muito tempo depois com um amigo de orientação sexual duvidosa que parecia estar muito mais afim de mim do que ela!
A questão é que o ser humano parece ter problemas para aceitar rejeição, no auge dos meus 16 anos, eu insistia porque não entendia o motivo de não mais tê-la me procurando. Eu não entendia que às vezes existem perguntas que as respostas são tão óbvias, o que consola é que essas respostas vão se tornando com tempo mais claras... Até um belo dia em que ao dobrar uma esquina me deparo com ela, agarrada com um menino, ela não me viu e por alguns minutos fiquei observando tudo àquilo de longe. Senti levemente uma lágrima cair em meu rosto impulsivamente, não sabia por que, mas também não queria mais respostas, apenas lembrei uma música e saí cantando ela baixinho.
A música era "Não uso sapato - Charlie Brown Jr." talvez não coubesse muito no contexto, mas de alguma forma me impulsionou a ver que não sendo um conquistador de natureza, seriam as minhas vivências que me transformariam num safado de carteirinha.
Fim de semana seguinte haveria o aniversário de uma amiga, motivo para reunir muitos e muitos amigos numa festa. Já entrei na festa cantando baixinho...
"Eu vou mudar tudo o que não me convém..."
E preferindo pedir permissões ao invés de perdões, comecei a encarar uma menina, olhar fixo, copo de refrigerante na mão suada e pernas tremendo como sempre, mas dessa vez nada me impediria, fui em sua direção, e sem diálogos trouxe ela para mim, pela nuca. Naquela festa eu fiquei com outras três meninas, assim, do mesmo jeito, sem me importar com nomes, de onde vinham, se acreditavam no amor ou se gostavam de cartas... Enquanto ficava com todas as quatro, a única coisa que foi permanente na minha cabeça foi certo refrão...
"Eu não sei fazer poesia, mas que se foda..."
Parece que as lições começavam a me edificar.
Fernando Martilis