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Boemia

Tô fadado a vadiagem,
Me encaixo bem nessa filosofia!
Me encaixo bem em você quando sou vadio,
E desvio,
Qualquer sentimento pra longe de mim.
Pra longe de nós!
Para depois ser só eu, sem sentimento
E sem você.
Assim é melhor!
Aqui, encontro aquela que se dispõe a ser
Minha melhor companheira,
E passamos a noite juntos,
Ela gosta de mim, da minha boca.
Embora em meio a madrugada, também,
Eu dê um jeito de me desfazer dela.
Me apego então, a uma outra acompanhante,
Distante,
Ela brilha, ilumina,
Pena que não dentro de mim,
Somente... Superficialmente!
Passamos ainda algumas horas juntos...
Com essa eu arrisco algumas palavras,
Mas ela, não é de muita fala.
É de deslumbre, de encanto.
Só,
Que,
Dela eu me despeço também
Logo ao amanhecer,
Quando ela vai embora
Me fazendo prometer voltar no dia seguinte.

Fernando Martilis

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Estranha

Porque sinto que devia te conhecer estranha?
Porque sinto que em algum momento
Da minha vida
Você foi muito importante?
Sinto que você era das poucas pessoas
Que me decifrava;
Sabia exatamente como eu estava
Apenas ao me olhar.
Se estava feliz ou triste,
Se estava aborrecido com você
Ou esperando algo seu.
Sinto que você ria das minhas piadas,
Ah ria sim,
Sinto que conheço esse sorriso.
Mas de onde?
Tenho quase certeza que
Já vi filmes de terror com você
E que você sabe como odeio esses filmes.
Sinto que já deu boas risadas
Dos meus momentos de fobia.
Sinto que compartilhavamos músicas,
Provavelmente temos gostos muito parecidos.
Sinto que vivi momentos da minha vida
Que só poderiam ter sido vividos
Com você,
Mas porque soas para mim
Como uma desconhecida?
Porque não te conheço estranha?

Fernando Martilis

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Ricardo e as tentativas.

Eu sempre fui um desastrado, daqueles cômicos... Só nunca pensei que algum dia o meu jeito
desastrado de ser fosse me trazer algo de bom!
Pois é, trouxe!
Aqui entra a primeira mulher que ganhará um nome em minhas narrações... 
Claúdia... Eis um nome e uma pessoa marcante!
Mas, vamos por parte.
Primeiro é importante dizer que meu segundo namoro com a vizinha arrependida durou exatos 
TRÊS meses! (Falei da persiguição do número 3 não falei?!)
No final das contas, namoro, mais uma vez não superou minhas expectativas e em relação a ela, 
acho que, o que se passou foi aquele velho sentimento de perda: perdeu, correu atrás, mas depois
percebeu que realmente não tínhamos nada haver um com o outro. Antes que ela acabasse, eu acabei
para não ficar por baixo. 
O que ficou de marcante desse último namoro, de fato, foram realmente essas expectativas frustradas,
e principalmente expectativas no campo do sexo.
É meus caros, eu já era um rapazinho de 17 anos com os hormônios a mil, subindo pelas paredes.
Aquela fase em que não é aconselhavel pegar na mão de um rapaz sem certificar-se que ele as lavou
muito bem lavadas antes.
Não tivemos oportunidades, parece mentira, mas não!
Vontade nos tinhamos, como também receio (os dois eram virgens), sem contar que a mãe dela também tinha muita 
vontade de que isso não acontecesse nunca, pra completar.
Nos raros momentos que poderíamos ter ido mais a frente o medo de alguém chegar, ou de viver 
aquilo falou mais alto.
Superado, mais dos muitos relacionamentos que terei na minha vida, me sentindo pressionado com 
vestibular, e com virgindade, conheci Claúdia!
Na verdade, eu derramei refrigerante em Cláudia, que estava pronta para sair, toda arrumada!
E ao invés de me xingar ela sorriu e disse:
- Como você é desastrado.
- Desculpa! (Tentado secar o refrigerante que tinha sido derramado próximo aos seus seios).
- Desastrado e bonitinho!
Eu com todas as minhas infantilidades de 17 anos e ela com toda a sua exuberância de 22 conseguiu
me achar "bonitinho".
Uma mulher... Decidida, engraçada, linda, inteligente... E com uma quedinha por garotos mais novos, 
desastrados e virgens.
Cláudia me ensinou uma importante lição sobre sexo, antes mesmo de fazê-lo:
Quase todo mundo tem uma certa tara por virgindades! 
Ela sendo irmã de um amigo com quem eu estudava e principalmente com quem eu tinha que fazer 
muitos trabalhos da escola ajudou muito o nosso conhecer-se melhor.
Em pouco tempo, eu me tornei meio que um brinquedinho sexual dela. Pela internet conversávamos 
altas sacanagens.
Eu e Claúdia entramos na brincadeira de professora e aluno, e ela era uma ótima professora!
Aos poucos, fui virando um bom aluno e cada vez mais ansioso por aulas práticas.
E elas chegaram!
Essa, com certeza, foi a fase da minha vida em que mais pensei em sexo.
Na minha cabeça só vinha aquele refrão do Lulu:
"Mas eu só faço com você
Só quero com você
Só gosto com você ê ê
Adivinha o quê?..."
Bem... O que se segue é que... Não fiz!
Acontece que, toda aula que se preze tem sua prova, e no dia da minha, eu tive aquele branco sabe?!
Pois é, minha primeira vez acabou não sendo a primeira.
E aqueles diálogos que geralmente se seguem nas minhas narrações quando estão no seu ápice,
hoje só serão silêncio, porquê simplesmente não existem palavras para esse momento.
- Mas?
- ?!?! Desculpa!
- !?! Fazer o quê né?!
- !?!
Assim se deu a tentativa da minha primeira vez.
Fernando Martilis

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Veneno

Enveneno-me
Com esse doce veneno que é você.
Ah... Beijo que quero não querer,
Decisões que não quero ter,
Definitivamente...
Não dá para desfazer
Fazendo!
Essa coisa de passos que vão para frente
E voltam para trás
Não é comigo.
Não sei dar passos para trás sem me virar
E passar assim a dar passos para a frente
Novamente.
Acabo me enxendo de expectativas,
Como todo ser humano inconsequente.
Ou não!
Acabo me lembrando porque tudo isso
Virou passado,
Manipulando todas as minhas
E as suas
Ações.
Fazendo disso tudo
Um jogo,
Um ilusório jogo
Onde no fim das contas
Ter me envenenado
Só serviu para envenenar-te também
Depois,
Com os meus,
Já envenenados,
Beijos.

Fernando Martilis

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A moça e eu.

Ah moça... Haverá um dia em que minhas piadas não terão a menor graça,
Que minha voz será irritante
E minha mania de reclamar de tudo ironicamente
Será insuportável!
Moça... Haverão dias que não serei carinhoso,
Preferirei ficar distante,
Sem ligações, sem contato.
Estarei, algum dia, cheio de dúvidas,
Embora plantado em certezas.
Ah moça... Haverão noites longas, dias longos
E haverão músicas que não serão cantadas juntas.
Haverão dias em que os gostos não combinarão.
Moça... Eu estarei chato mesmo, algum dia,
Você irá claramente, e com toda razão querer ir pra longe de mim.
Ficarei repetitivo,
Cansativo,
Monótono!
Terás a sensação, moça, que saberás de tudo sobre mim:
Cada coisa que falarei,
Cada atitude que terei,
Haverá um dia que nós pareceremos uma comédia romântica
Daquelas que repetem milhares de vezes na "sessão da tarde".
Mas serão nesses dias moça... Quando anoitecer...
Que mais precisarei de ti,
E precisarei porquê
Você realmente me conhece como ninguém mais,
E sabe tudo de mim mesmo.
E isso, nesse momento, não será repetitivo ou ruim,
Moça,
Será necessário...
Porque nesse momento,
Só você,
Moça,
Saberá me fazer feliz!

Fernando Martilis

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A partir de "A Estrada"

Foi bem díficil conseguir vir até você.
Precisei me perder, me encontrar
E... Principalmente
Encontrar algo que me servisse de desculpa
Para justificar tudo o que
Ainda sinto por ti.
Fui há muitos lugares, na verdade,
Fui a todos os lugares que costumávamos
Ir juntos.
Fui sozinho!
Por alguns momentos
Consegui reviver
O cheiro,
O beijo,
Como em flashbacks de filmes.
Nesses momentos, eu me sentia forte,
Como fora no momento real.
E sentia que, de alguma forma,
Mesmo que em lembranças pulsantes,
Você ainda estava presente em mim.
Isso tudo têm me acompanhado na vida...
E me trouxe até aqui.
Impregnado dessa vontade de estar com você.
Dessa vontade de esbarrar em você
Quando acordar e esticar o braço na cama.
Dessa vontade de te preparar
Uma água suja (que parecerá muito com café)
Ao amanhecer
E dizer o quanto você está linda
Mesmo ao acordar
E reforçar o quanto estou feliz
Por você estar ali comigo.

Fernando Martilis