Das noites silenciosas

Fui tua amante
Teu oposto
A metade inalienável
Do que nunca fostes
Do que nunca serás.
Fui tua amante
Debruçada no teu corpo
Por breves e raras noites
Noites de chuva
Noites de medo
Noites de açoite.
Amei e odiei o teu sexo
Mais odiei do que amei
Sou de gêmeos
E você, de touro
Destasorte, seguíamos as nossas vidas
Astrologicamente e sexualmente
Descompassados.
Não havia decreto,
Penitência
Ou corte marcial
Que me convencesse
Que o teu mundo seria o meu mundo
Que me convencesse de alguma verdade
Nas nossas fotografias
Que existia um quê
De identidade nas nossas fugas.
Sobrava-nos, destarte, o refúgio
Que, convenientemente,
Fomos um para o outro.

Fernando Martilis

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