O ar rarefeito
Com efeito, quanto maior a altura, maior a queda
Não há respostas nos manuais
Acreditem,
Fujam dos manuais
Certa vez escalei o medo
Me arrisquei a escalar uma montanha
Custou-me as unhas
Onde deveria existí-las
Dói-me a carne
O corpo todo
Embora minha doença seja na alma
As respostas não estão no alto
No alto, vejam bem, só perdi a capacidade de respirar
Mas já lhes contei essa história
Perdoem-me se continuo a contar histórias repetidas
Confundi-me a tentar subir essa outra montanha
A falta de ar me assusta
Mas não me paralisa
Daqui do alto, a face do medo
Lembra-me um rosto familiar
Transmutado
Outrora esperançoso
Hoje, cansado
Subiu demais
Escalou a sua alma
E caiu
Como de praxe, caiu
Não poderia deixar de ser diferente.
Fernando Martilis
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
Se quanto maior a queda, maior o tombo, de onde parto na tentativa de voar?