Defluência

 Oi.

Olá.

Cruzaram-se e cumprimentaram-se feito dois estranhos

Nem a saudação, tampouco o presente dialogavam

No passado remoto, viveram um para o outro

Num futuro de devaneios, não estavam prontos

Não foram fortes o suficiente

Como se o amanhã dependesse de força e prontidão

O hoje simplesmente chega

Quando muito, cumprimenta e se apresenta

E, sob um riso desconcertado, se recorda do passado

As memórias são evocadas

Como substrato de frustrações efêmeras

E... Aquela viagem à praia?

E... Aquele natal com a sua família?

Certamente, as fotografias foram esquecidas em algum lugar do tempo

Depois de duas doses de qualquer bebida forte

Já percebeu como o tempo aprecia brincar de vento,

Apagando os rastros de tudo?

A vida seguiu

Não nos enganemos, o hoje amanhã, também, 

Daqui a pouco se tornará história

Fortuita e inacabada estória

Quando restará, para além das lembranças incipientes, 

As breves e singelas despedidas

Até mais.

Adeus.

Fernando Martilis


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