Além das fronteiras

Pela presença do silêncio aproximou-se
Tendo antes observado tudo o que pudesse contribuir
A julgar melhor aquela situação.
Talvez olhá-la tão fixamente tenha sido o seu erro maior.
Como um daqueles homens que viram pedra
Quando olham nos olhos da sereia,
Ficou imóvel ao olhar bem dentro daqueles lindos olhos
Nem verdes nem azuis,
Mas da cor que precisava.
Mas por que precisava?
O que a fez essencial?
Perguntava-se.
Num breve instante de reflexão,
No tempo que durava sete ou oito passos,
Sem conseguir decifrar nenhum sinal,
Percebeu que, da forma mais simples e bonita,
Sentia que ela encaixava-se em algo que lhe faltava.
Ao chegar mais perto,
Aquele olhar cativante
Passou a expressar receio.
Ao esticar-lhe a mão, obteve como resposta um olhar em fuga.
Em contrapartida ao seu sorriso claro, balançou-lhe negativamente com a cabeça
Baixou a cabeça, talvez tentando enxergar dentro de si
E entender tudo o que sentia naquele momento.
Não a viu partir,
Também não a viu olhar para trás discretamente
Com um imenso desejo expresso no olhar de voltar e ficar...
Não a viu sumir levando consigo os motivos de não ter ficado.
Fernando Martilis
 
 
 
 
 
 
 


 

 

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