Ricardo e as safadezas!

Ouvi uma mulher de meia idade dizer uma vez que existem dos tipos de homens:
Existem os "safados" e os "príncipes encantados". E ela ainda acrescentou que os príncipes encantados as mulheres só vão querer após os trinta, quando vão pensar em casar e ter filhos. São os safados os escolhidos para a juventude!
Pensando nisso, comecei explorar um pouco minha fama de conquistador, a questão é: eu não era um conquistador, nunca fui, a fama caiu no colo e eu escolhi abraçar, mas, como mantê-la? Principalmente por que, para a minha surpresa, a "vizinha bonita" se afastou de mim. Gozado não? Enquanto estava namorando ela vivia no meu pé. Quando estou solteiro, ela mal fala comigo!
Bem, a curiosidade sempre foi uma grande motivação para mim, e se, me inquietava saber por que a vizinha tinha sumido, então eu provavelmente iria atrás de saber. E eu fui! Perguntava o que tinha acontecido, e ela, simplesmente dizia que não tinha acontecido nada. Que estava e tudo bem e que nos encontraríamos depois. Acontece que depois não tem data definida, é ruim esperar um "depois" não é?! Se falar com ela não estava dando certo, me veio à cabeça a "brilhante idéia" de mandar cartas... Olhem, vocês vão perceber que, talvez os maiores erros na minha vida aconteconteceram envolvendo cartas! Cartas não me dão sorte!
Na minha cabeça eu precisava da vizinha para efetivar minha fama de conquistador, e assim, ficar com quem eu quisesse, depois que acabasse o lance com ela! Só que, para ela já tinha acabado, e claro que eu não sabia disso e muito menos eu tinha me transformado no conquistador que eu desejava ser, e só para piorar caros amigos, escrevendo cartas me vi gostando pra valer dela. E piorou quando, para tentar vê-la, eu passava a ir encontrá-la na saída da escola onde ela estudava. Esperava horas, parecia que ela sabia que eu estaria lá, e demorava ainda mais, aparecendo muito tempo depois com um amigo de orientação sexual duvidosa que parecia estar muito mais afim de mim do que ela!
A questão é que o ser humano parece ter problemas para aceitar rejeição, no auge dos meus 16 anos, eu insistia porque não entendia o motivo de não mais tê-la me procurando. Eu não entendia que às vezes existem perguntas que as respostas são tão óbvias, o que consola é que essas respostas vão se tornando com tempo mais claras... Até um belo dia em que ao dobrar uma esquina me deparo com ela, agarrada com um menino, ela não me viu e por alguns minutos fiquei observando tudo àquilo de longe. Senti levemente uma lágrima cair em meu rosto impulsivamente, não sabia por que, mas também não queria mais respostas, apenas lembrei uma música e saí cantando ela baixinho.
A música era "Não uso sapato - Charlie Brown Jr." talvez não coubesse muito no contexto, mas de alguma forma me impulsionou a ver que não sendo um conquistador de natureza, seriam as minhas vivências que me transformariam num safado de carteirinha.
Fim de semana seguinte haveria o aniversário de uma amiga, motivo para reunir muitos e muitos amigos numa festa. Já entrei na festa cantando baixinho...
"Eu vou mudar tudo o que não me convém..."
E preferindo pedir permissões ao invés de perdões, comecei a encarar uma menina, olhar fixo, copo de refrigerante na mão suada e pernas tremendo como sempre, mas dessa vez nada me impediria, fui em sua direção, e sem diálogos trouxe ela para mim, pela nuca. Naquela festa eu fiquei com outras três meninas, assim, do mesmo jeito, sem me importar com nomes, de onde vinham, se acreditavam no amor ou se gostavam de cartas... Enquanto ficava com todas as quatro, a única coisa que foi permanente na minha cabeça foi certo refrão...
"Eu não sei fazer poesia, mas que se foda..."
Parece que as lições começavam a me edificar.
Fernando Martilis

2 perceberam algo:

  1. Pobre Ricardo! Mais um que se constrói enquanto "safado" por causa de uma rejeição feminina. Fico a pensar: se as mulheres fossem agir assim também, não mais existiria nenhuma não-safada... Mas a gente prefere é sofrer e iludir-se com o próximo que dobrar a esquina. Ou não. O tepo passa, as coisas mudam... E eu também não sei filosofar, também não sei fazer poesia, mas, realmente, que se foda... Gostei do texto e do protagonista do texto. Acho que seria um tipo de irmão caçula da Laura [a personagem que eu criei lá no blog]. Fiquei curiosa em saber mais do Ricardo. Como ele seria aos 26 anos? :*

  1. Own Neta, sua reflexão é muito persistente sim. Entre os fatores que mais modificam uma pessoa está a rejeição, na minha opnião!
    Gostei da Laura também...! E o Ricardo daqui a pouco chega nos 26... só vai vendo viu?! rsrs

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